Comunidades, Redes e Grupos – 2ª Fase

Introdução

Existem três formas de agregação coletiva online que, através de software social, envolvem indivíduos em atividades de aprendizagem e partilha. Estas formas de agregação coletiva são o Grupo, a Rede e a Comunidade. Cada uma destas entidades oferece benefícios, recompensas e desafios aos participantes mas, todas elas, por si só, têm potenciais fraquezas que podem minar a experiência de aprendizagem.

Grupo.

Um grupo é um sistema de relações sociais, de interações recorrentes entre pessoas. Também pode ser definido como uma coleção de várias pessoas que compartilham certas características, interagem uns com os outros, aceitam direitos e obrigações inerentes à condição de partilha. Para haver um grupo social é preciso que os indivíduos se percebam, de alguma forma, afiliados ao grupo.

É um sistema de relações sociais onde a coesão entre os seus elementos é uma caraterística permanente. Têm, por norma, uma linha de comando, diferentes níveis de autoridade e os papeis a desempenhar pelos seus membros estão bem definidos. Os indivíduos vêm-se como parte do grupo. O seu modelo organizacional, normalmente, está definido à partida e a sua estrutura está organizada em função da tarefa. O grupo pode existir só enquanto durar a tarefa. Os elementos do grupo necessitam, normalmente, de se reunir face-a-face ou em videoconferência. Este é um tipo de organização onde todos os elementos conhecem o nome dos restantes e a entrada no grupo é controlada, não está acessível a todos os que quiserem fazer parte.

Existe uma identidade comum, as normas e estereótipos do grupo são internalizadas por todos os elementos. Não existe anonimato e os membros esperam que as suas contribuições sejam reconhecidas pelos outros membros. Os elementos não usam identidade falsa ou avatar e deve existir um nível de confiança entre os seus membros.

As turmas de aprendizagem online, as equipas de projeto e os utilizadores de LMS são exemplos de Grupos.

Rede

A rede fornece um ambiente para estruturas pouco organizadas. Os seus participantes estão ligados entre si, direta ou indiretamente, mas não têm perceção de todos aqueles que a compõem. A forma da rede é emergente, vai-se moldando a si própria à medida que se vai desenvolvendo, não é desenhada à priori. Os membros de uma rede partilham um sentido de compromisso marginal entre si, as relações entre os seus membros é de baixa densidade. São induzidos a contribuírem para a rede como forma de aumentar a sua reputação e pretendem que o recurso criado pela rede seja maior que o individual ou o grupal. A rede serve para o individuo adquirir algo (informações, pontos de vista, contactos) para além do que consegue adquirir no seu grupo. As redes são fluídas e generativas, não são, elas próprias inteligentes, mas a relações que criam entre os seus elementos produzem conhecimento. Os indivíduos ligam-se às redes para partilhar interesses, vocações ou para adquirir conhecimento daqueles que sabem mais que eles próprios. É um conjunto de conexões entre as pessoas. Os membros usam suas conexões e relacionamentos como um recurso a fim de resolver rapidamente os seus problemas, compartilhar conhecimento e fazer novas conexões. Os membros partilham um perfil onde identificam competências e interesses comuns. As redes têm a capacidade de permitir aos seus membros colaborarem com outros membros que pretendem conhecer, permitem que as pessoas se conheçam, interajam e compartilhem ideias, artefactos e interesses. Muitos dos seus elementos fazem parte de várias redes. Estas não são restritas, mas também não são desenhadas para satisfazer as necessidades de qualquer um. A rede refere-se ao conjunto de relações, interações pessoais e as conexões entre os elementos que têm motivos pessoais para se conectar. É vista como um conjunto de nós e ligações com benefícios para a aprendizagem, tais como os fluxos de informação, ligações úteis, resolução conjunta de problemas e criação de conhecimento. São exemplo de redes o Facebook, o Myspace e o LinkedIn.

Comunidade

A Comunidade é uma parceria de aprendizagem entre as pessoas que acham que é útil aprender, uns com os outros, sobre um domínio particular. Os seus membros usam a experiência da prática de cada um como um recurso de aprendizagem. A comunidade refere-se ao desenvolvimento de uma identidade partilhada em torno de um tópico ou um conjunto de desafios. Ela representa uma intenção coletiva, no entanto tácita e distribuída, para administrar um domínio do conhecimento e para prover a aprender sobre ele. As comunidades são formadas por indivíduos que não se vêm como um grupo ou como uma rede. A forma da comunidade é emergente, não é desenhada, tal como a rede, vai modificando o seu tamanho e forma à medida que cresce. É formada através da agregação de atividades individuais, de atividades de grupos e de atividades de redes. A comunidade não requer que os membros tenham compromissos para com os outros. É utilizado um “espaço” e ferramentas comuns para o benefício de todos os que as utilizam. A comunidade assenta no princípio de que, em muitos tipos de conhecimento, a agregação mediana do conhecimento de muitos é superior ao conhecimento de individuais. As comunidades beneficiam (ou sofrem) do efeito de Mattew, onde, quantos mais membros a comunidade possuir, mais visível e útil será. Numa comunidade, cerca de 90% dos seus membros são apenas consumidores, não produzem, mas mesmo apenas como consumidores estes dão valor à comunidade através do seu consumo. A Wikipédia é um excelente exemplo de comunidade.

Conclusão

Os grupos, as redes e as comunidades, como podemos constatar, devido à sua organização, à forma de relacionamento dos seus membros, ao seu número de elementos e ao grau de partilha e entrega dos seus membros, enquanto modo de aprender colaborativamente através do recurso a software social, têm vantagens e potenciais pontos fracos. Utilizar as três formas de agregação coletiva, simultaneamente, na construção do conhecimento, é a forma de, através dos pontos fortes de umas minimizar as fraquezas de outras.

 

Referências:

Anderson, T. (2009). Social Networking in Education. Visto em: http://terrya.edublogs.org/2009/04/28/social-networking-chapter/

Dron e Anderson (2008). Collectives, Networks and Groups in Social Software for E-Learning. Visto em: http://goo.gl/N6ZMML

Figueiredo, A. (2002). Redes e educação: a surpreendente riqueza de um conceito, in Conselho Nacional de Educação (2002), Redes de Aprendizagem, Redes de Conhecimento, Conselho Nacional de Educação, Ministério da Educação, Lisboa. Visto em: http://eden.dei.uc.pt/~adf/cne2002.pdf

Wenger, E., Trayner, B. & Laat, M. (2011). Promoting and assessing value creation in communities and networks: a conceptual frameworkRuud de Moor Centrum: Neederlands. Visto em: http://www.open.ou.nl/rslmlt/Wenger_Trayner_DeLaat_Value_creation.pdf

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